O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou, nesta segunda-feira (15), o relatório de acidentes aéreos ocorridos no Brasil nos últimos dez anos. Até agosto deste ano, foram registradas 66 ocorrências com 39 mortes.

Em 2007, o órgão computou 97 acidentes, com 270 mortos. Em 2006, foram 66 acidentes, com 215 vitimas fatais.O documento foi finalizado em janeiro deste ano tem validade até 2009.

O brigadeiro Jorge Kersul Filho, responsável pelo Cenipa, disse que o levantamento mostra fatores que podem levar a ocorrer acidentes aéreos. “Entre os principais, estão as falhas de supervisão (52,7%), aspectos psicológicos (48,7%) e planejamento da tripulação sobre o vôo (43%).”

Segundo Kersul, apesar dos avanços tecnológicos presentes no controle aéreo do país, o indivíduo ainda é uma peça importante, mas também a mais frágil no processo aeronáutico. “O profissional tem de trabalhar com todos os ambientes de um ambiente de vôo. Os acidentes estão relacionados à exposição de risco. Quanto mais aeronaves eu tenho em um espaço aéreo, mais possibilidades existem de um acidente ocorrer. Isso não significa porém que haverá mais ocorrências”, afirma.

Aeronaves agrícolas

O relatório também indicou que os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins registraram mais acidentes com aeronaves agrícolas. “A área de controle correspondente a estes estados é uma das menores da Aeronáutica, mas é a que mais registrou acidente deste tipo. Foram 129 no período de dez anos.”

Kersul disse ainda que a aviação geral (quando o vôo é feito com proprietário da aeronave) representa 41,1% dos acidentes. Os registros de acidentes com táxi-aéreo somam 24% do total. A aviação agrícola representa 43,9% dos casos e os vôos de instrução aparecem com 10,2% dos registros. A aviação regular (de passageiros) representa apenas 4,3% do total. “Apesar disso, é a aviação regular a q tem o maio número de vitimas fatais”, afirma.

O responsável pelo Cenipa disse que não é possível fazer a fiscalização em todo espaço áereo do país. “Não dá para os órgãos públicos do Brasil colocarem um fiscal ao lado de cada individuo. Cada cidadão sabe o que pode fazer de errado e as conseqüências de suas atitudes, principalmente no sistema aéreo. A Aeronáutica não faz fiscalização de vôo. Isso cabe à Agencia Nacional de Aviação Civil (Anac). Por mais que ela tenha fiscais, não há como fazer isso em cada aeroporto do país”, diz.

Investigação

Entre as principais causas que contribuíram para os acidentes, segundo as investigações do Cenipa, 26,5% foram falhas de motor (principalmente quando o piloto troca o combustível da aeronave), 17,6% por perda de controle de vôo provocada pela falha de manutenção.

“Em 2007, o Comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos recomendou a inclusão de um programa preventivo como requisito no processo de certificação de oficinas de manutenção.”

O crescente volume de aviações no espaço brasileiro na tem sobrecarregado os controladores de vôo, segundo Kersul. “Eles questão bem preparados, mas é preciso melhorar de qualquer forma, a formação dos controladores é boa. O detalhe é a experiência do profissional, pois é a falta dela que pode aumentar o risco de acidente aéreo”

O brigadeiro disse ainda que é importante fazer reciclagens para aperfeiçoamento profissional. “mais de 700 homens foram adicionados ao efetivos nos últimos dois anos. Os controladores hoje não têm folga. Não temos a facilidade de permitir que ele faça intercâmbios em outros sistemas aéreos no mundo. Mas eles não estão sobrecarregados. Nenhum controlador de vôo trabalha mais do que os padrões internacionais permitidos”.

Petróleo

Ainda segundo Kersul, a FAB está se preparando para atender à demanda de segurança que será necessária na região onde forem encontrados poços de petróleo. “Em Macaé e em Cabo Frio já é percebido um aumento do tráfego de helicópteros por conta do transporte de funcionários de petrolíferas mais afastadas da costa brasileira”, diz.

Apesar de ser recente o crescimento do fluxo aéreo na região, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) já toma providências para garantir a segurança aérea na região.

São Paulo

Kersul filho garantiu que o espaço aéreo de São Paulo é seguro, apesar de a região ter o maior tráfego aéreo do país. A região vai receber 80 novos helicópteros até 2009 para a frota atual de 480 aeronaves existentes. "Nós trabalhamos para não haver acidentes. Temos esse objetivo em mente, mas isso é utópico", disse o comandante. A capital é a única que tem um controle de tráfego aéreo específico.

Onde há mais tráfego aéreo é também onde há mais risco de acidentes. Apesar disso, qualquer alteração no funcionamento do Aeroporto de Congonhas mexe com muitos interesses e isso deve ser levado em conta, segundo o brigadeiro. "Não acredito na possibilidade de homens da Aeronáutica sofrerem ou já tenham sofrido pressão financeira de empresas de aviação."

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