Quase dois meses depois da morte de Dercy Gonçalves, sua filha, Decimar Senra, organizou um bazar com roupas e acessórios que pertenciam à atriz. Calças, bijouterias, malas, cosméticos, casacos e até as perucas de Dercy tomavam conta de quatro araras e uma mesa montada num clube em Copacabana, o bairro com maior concentração de idosos do Rio de Janeiro.

Foi a primeira vez que as peças de Dercy foram expostas ao público. Há dez dias já havia sido realizado um bazar só para amigos, no apartamento onde a atriz morava, no mesmo bairro. "Sobrou isso aqui", dizia Decimar, justificando a pouca variedade do bazar, que tinha ao menos uma peça de destaque: um casaco de vison autêntico, pelo qual a família pedia R$ 4 mil.

"Muita gente vem não para comprar, mas pela curiosidade. Olha as coisas, experimenta perucas...", contou Deucimar. A repórter do EGO, por exemplo, ia só olhar. Até que descobriu que Dercy tinha um perfume igual ao seu. Acabou levando o frasco para casa por R$ 45. De tudo o que estava no bazar, uma peça não era para venda: uma espécie de macaquinho em renda vermelha que Dercy usou na campanha para uma grife de lingerie, quando já tinha 92 anos.

"Vamos fazer um leilão e doar o dinheiro arrecadado para o Retiro dos Artistas", contou Decimar referindo-se à instituição que cuida de artistas idosos, no Rio de Janeiro. A filha de Dercy também disse que, em breve, pretende leiloar objetos de mobiliário da casa da artista, como lustres e um tapete persa.