O publicitário Lucas Pacheco deixou a campanha do candidato Geraldo Alckmin à Prefeitura de São Paulo e fez críticas a setores do PSDB, que repercutiram mal entre os tucanos que apóiam o atual prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab (DEM), em sua campanha para a reeleição. Pacheco atribuiu os problemas da campanha de Alckmin aos tucanos ligados ao atual governador, José Serra (PSDB), que apóiam publicamente o candidato do DEM, classificados pelo marqueteiro como "lobos em pele de cordeiro".

"Foi uma declaração infeliz. Ele pode ser um excelente marqueteiro, mas não entende nada de política", criticou o vereador Gilberto Natalini, líder da bancada do PSDB na Câmara de Vereadores, que acompanhou hoje a visita de Kassab ao Clube Escola Jorge Bruder, em Santo Amaro, na capital paulista. Natalini ressaltou ter alertado Alckmin, da coligação "São Paulo, na Melhor Direção" (PSDB-PTB-PHS-PSL-PSDC), sobre a necessidade de manter a aliança com o DEM. "Do contrário, seriam dois candidatos de uma mesma base, disputando o mesmo eleitorado, sendo que Kassab tem um governo bem avaliado", disse.

Também presente ao evento, o secretário municipal de Esportes, Walter Feldman (PSDB), outro tucano aliado de Kassab, manteve-se na maior parte do tempo ao lado do prefeito, com quem simulou uma luta de boxe e jogou vôlei e basquete, modalidades oferecidas no Clube Escola. "O pior momento na vida é buscar culpados. Antes de procurar fora, é preciso fazer a autocrítica", disse Feldman. "Nós apresentamos desde o início que a candidatura de Alckmin teria dificuldades", declarou.

Situação delicada

Na avaliação do secretário, as disputas na capital paulista tendem a se polarizar entre situação e oposição - o que deixou Alckmin numa situação delicada, já que qualquer crítica à gestão de Kassab, que concorre pela coligação "São Paulo no Rumo Certo" (DEM-PR-PMDB-PRP-PV-PSC), seria também uma crítica aos tucanos, que ocupam posições importantes no governo deixado por José Serra. "Quando a luta política é clara, o trabalho do marqueteiro é sempre mais fácil."

Essa divisão, segundo Feldman, auxilia a campanha da petista Marta Suplicy - "Uma Nova Atitude para São Paulo" (PT-PCdoB-PDT-PTN-PRB-PSB) -, que também disputa as eleições e lidera as pesquisas de intenção de voto. "Por isso, sempre defendemos a candidatura única, porque sabíamos que isso iria acontecer. Na minha opinião, Marta nunca teria esses índices nas pesquisas se a candidatura fosse única. Não tem lógica haver dois candidatos quando um governo vai bem", argumentou. "É uma situação surreal, mas nós avisamos que era natural que isso fosse acontecer", concordou Natalini.

De acordo com os tucanos, resta agora resgatar a aliança entre PSDB e DEM no segundo turno - que, na avaliação deles, deve ser disputado entre Marta e Kassab, que vem crescendo nas pesquisas e está empatado tecnicamente com Alckmin. "Aí sim teremos uma chance extraordinária de vencer as eleições. Não posso acreditar que haveria apoio a Marta por ressentimento", afirmou Feldman.

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